EXCÂNDALO DO DOSSIÊ!
As imagens da pilha de dinheiro que os petistas usariam para comprar um dossiê contra políticos tucanos tiveram a divulgação impedida a mando do ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos. A redação de VEJA, contudo, obteve as fotos da Polícia Federal - a cena retratava o impressionante volume de dinheiro carregado pelos participantes da operação, descoberta há duas semanas.
As pilhas somavam 1,75 milhão de reais - 1,168 milhão em cédulas de real e 248.800 dólares. Os petistas Valdebran Padilha e Gedimar Pereira Passos estavam com o dinheiro no momento em que eles foram detidos, no hotel Ibis, em São Paulo. Segundo a PF informou, o dinheiro foi entregue à dupla pelo também petista Hamilton Lacerda, que era coordenador da campanha do PT em SP.
Lacerda, que foi afastado da campanha do candidato Aloizio Mercadante depois do escândalo, prestou depoimento à PF na sexta - ainda não se sabe qual foi o teor de seu testemunho. O objetivo da compra do dossiê era prejudicar a campanha do candidato do PSDB ao governo do Estado, José Serra, que lidera a corrida contra Mercadante. O candidato nega envolvimento com o episódio.
Ministro - A PF costuma divulgar as imagens de dinheiro e documentos apreendidos em operações similares. Foi o que ocorreu, por exemplo, quando descobriu-se dinheiro na sede da empresa Lunus, do marido da então candidata Roseana Sarney, em 2002. Bastos, contudo, disse publicamente que não queria a exibição dessas imagens para não prejudicar a candidatura do presidente Lula à reeleição.
Na terça da semana passada, Bastos falou sobre as fotos. Segundo ele, a PF "não irá se subordinar a interesses eleitorais" na apuração do escândalo. "É preciso ter calma", afirmou ele na ocasião. "Não podemos gerar imagem do dinheiro apreendido apenas porque a oposição assim o quer. O Brasil mudou. Já passou o tempo em que imagens eram jogadas na TV para destruir campanhas."
Além de ocultar as fotos do dinheiro, a PF também demorou bastante para revelar que as imagens de circuito interno do hotel - disponíveis desde o começo da investigação - mostravam Lacerda entregando o dinheiro a Gedimar e Valdebran. Falando à PF, um deles inventou outro nome para contar quem levou o valor. A oposição acusa o governo de fazer "operação tartaruga " no caso.
Retirado do site www.veja.com.br